quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Historinha faz de conta...

Quando ela nascera fora considerada a criança mais linda que já passara por aquele berçário. Seus muitos cabelos negros, seus olhos cor de mel, as bochechas tão rosadas, a mãozinha delicada. Tudo no seu devido lugar como uma verdadeira obra de arte. Sua pele muito alva, em contraste com os cabelos lembrava uma noite enluarada. Luna. Esse seria seu nome!

O tempo passou, Luna cresceu e a beleza, que outrora inebriava quem a avistasse já transparecia em seu rosto. Não era feia, é verdade, mas não chegava perto de ser bela. A frase que mais ouvia: “ha gosto pra tudo nessa vida. Com certeza vai encontrar alguém que a ame”.

E como ela sonhava com esse dia! Desde criança já imaginava seu casamento, com aquele príncipe loiro, alto, de olhos verdes, cabelos macios, boca carnuda, corpo másculo e forte. Pensava em quem iria chamar para ser madrinha, qual a música iria tocar durante a cerimônia e como seria a festa. Bom, esse “príncipe” não apareceu. Apareceram alguns “sapos” que a fizeram desistir do amor! Ou pelo menos ela tentou se convencer disso...

Sempre rodeada de amigas, umas de infância, outras que conhecera na adolescência. Algumas poucas que consideravam verdadeiras irmãs, primas e até algumas ‘mães’. Sempre fora a conselheira da turma e dizia que amor é coisa para os fracos. Como crescera em pleno século XXI gostava mesmo era de ficar!

Com sua simpatia (que ela própria não reconhecia) possuía vários admiradores, amantes, amigos, ‘namorados’. Mas em um domingo chuvoso começou a se questionar: “ - O que significa isso tudo? Estou com vários, mas não me sinto falto de nenhum. Nenhum me completa. Ninguém me faz feliz. Só posso estar louca.” Pensou ela “ - Logo eu? Que sempre achei que ficar sozinha era bom. Antes só do que mal acompanhada. “Como assim eu querendo me apaixonar. Depois de tudo que aqueles desgraçados me fizeram sofrer. Agora é minha vez. Irei fazer todos sofrerem...”. Mas e aquele vazio no peito? Quem preencheria? Na verdade, ela se sentia sozinha em meio á multidão. E não era por falta de alguém em especial. Era simplesmente a falta de alguém.

Mas que tola. Tão nova e tão desiludida! No fundo ela sabia que sua alma gritava desesperadamente por um amor. Alguém com quem pudesse dividir seus momentos bons e tristes, ricos e pobres, na saúde e na doença!

Luna, ninguém vive sozinha. Ninguém vive sem um amor! Não procure alguém que te complete. Complete a si mesma e procure alguém que te transborde. (Frase de Clarice Lispector)

Texto: Deise Laura

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